A redução dos casos de covid-19 nos últimos meses deixou a sensação de que a pandemia era coisa do passado. Mas o surgimento de uma nova subvariante, a pouca adesão às doses de reforço das vacinas e as aglomerações na campanha eleitoral dispararam a taxa de transmissão (Rt), aumentando as internações e o risco de uma nova onda às vésperas das festas de fim de ano.
Ontem, a morte de uma mulher na cidade de São Paulo, contaminada pela subvariante BQ.1, acendeu o alerta de vez. A preocupação surgiu primeiro nos hospitais, onde os médicos passaram a atender cada vez mais pacientes com covid. A impressão dos médicos é confirmada pelo aumento da Rt do vírus, que depois de muito tempo voltou a indicar alta na transmissão, segundo a Info Tracker, a plataforma das universidades estaduais paulistas USP e Unesp, que monitora a pandemia.
Estável até o dia 3 de outubro, a Rt começou a subir nos dias seguintes e, um mês depois, ultrapassou o número 1, quando cada doente passa a contaminar mais de uma pessoa. Para que a transmissão do coronavírus seja contida, a taxa de Rt precisa ficar abaixo desse patamar.
Casaca prefere chamar o aumento de casos de repique, uma vez que a gravidade dos casos é menor do que no passado, com menos internações e mortes. Já a infectologia Richtmann diz que "chamaria de uma nova onda, mesmo que uma marola", em razão do aumento de casos, da chegada das festas de fim de ano e da flexibilização das medidas sanitárias.
"Não quero assustar ninguém porque a gravidade dos casos é mesmo muito menor, mas temos uma tendência", diz Richtmann. "É indiscutível que o número de casos está francamente aumentando. Ontem [7/11] à tarde, só vi covid no consultório."
O que fazer agora?
"Os vírus mudam, mas as recomendações são as mesmas: o grande vilão de transmissão são nossas mãos: sempre faça a higienização com álcool em gel ou sabão para diminuir a possibilidade de contaminação do ambiente e de se contaminar", diz a médica.
